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Idanha-a-Nova: uma paleta de experiências na sustentabilidade e alimentação vegetariana

Idanha-a-Nova: uma paleta de experiências na sustentabilidade e alimentação vegetariana

Viver em Idanha-a-Nova

Idanha-a-Nova é um dos maiores concelhos de Portugal e é, provavelmente, um dos mais bonitos, também. As cores quentes no outono e alegres na primavera, condimentadas pelos sons das aves esvoaçantes sobre as oliveiras, são ingredientes que se juntam ao cheiro de uma terra com aroma a laranja. 

Laranjas naturalmente doces. O gosto da fruta de Idanha-a-Nova é diferente. Talvez por estar perto, muito perto, do sabor natural, livre de químicos. 

 

As laranjas do André e da Filipa fazem parte do seu cabaz semanal de frutas e legumes orgânicos na época de inverno. O cabaz semanal que vem da quinta em Monsanto, destes agora agricultores que deixaram Lisboa, vai variando conforme as estações, respeitando e agradecendo os ciclos da natureza. 

Não são os únicos. E muitos se têm juntado a eles. A Ema e o Zé Manel já têm a sua horta no ‘Chão dos Salgueiros’ em Oledo, outra freguesia de Idanha-a-Nova. A arquiteta vegetariana mudou-se com o professor do Porto, depois de se terem enamorado pelos campos tão vastos quanto verdes (até à primavera). Aí decidiram ficar e aprender, dia após dia, a serem mais auto-suficientes e a viver de acordo com o desenrolar das estações do ano. Se fores para aqueles lados, não hesites em contactá-los. 

 

Quem sabe tenhas a oportunidade e o privilégio de te juntares à mesa de uma família que aí nasceu – os filhos do casal são fruto da paixão pela Beira Baixa – e assim desfrutares de um creme de castanhas, tão delicioso, quanto macio, ou um risoto de cogumelos de cujo paladar jamais te esquecerás. Até porque os cogumelos shiitake são um dos ex-libris da região.

Muito antes deste casal oriundo do Porto, aí chegou Tito Lopes, radicado em Idanha há duas décadas. Cedo descobriu um lugar mágico, de onde é difícil partir depois de se escutar o rumorejar das folhas do diospireiro, dos salgueiros ou dos marmeleiros. Se gostas de marmelada, asseguramos-te que aí encontrarás marmelos orgânicos, em Setembro.

As cores douradas, amarelas e vermelhas do diospireiro ficam ainda mais vívidas depois da chuva, muito apreciada, porque nem sempre suficiente… Quando ela chega, o rio Pônsul agradece e o Tito Lopes também. Na verdade, podes juntar-te a este homem extraordinário na Quinta dos Salgueiros, em Idanha-a-Nova, sede do concelho. Esta casa está pronta a receber-te, em particular se tens como propósito conectar-te com a natureza. 

 

Inspira-te…

Foi aqui, na Quinta dos Salgueiros, que nasceu o Projecto Regenerar, um centro de vivências em ecologia regenerativa, no qual a palavra sustentável está ultrapassada pelo verbo regenerar. Já se percebeu que é preciso ir mais além e romper com o estabelecido. Restaurar os ecossistemas é a palavra de ordem deste projeto. Fica a sugestão! 

O Rúben e a Andreia, com os seus três filhos, são mais um exemplo de retirada para o concelho que vê a sua população crescer através da chegada de gentes do litoral e do estrangeiro. 

A Casa do Guardado, em Monsanto, recuperada pelo casal, é outra sugestão para te alojares. Podes até aproveitar para experimentar os produtos cosméticos da Silvestre – cosmética natural, uma vez que a Andreia Silvestre, responsável pela “produção artesanal, natural e sem químicos”, nos assegura que além de não se fazerem testes em animais, se utiliza a riqueza que a natureza nos concede.

 Nesta casa, estarás a minutos de uma das aldeias históricas mais emblemáticas de Portugal e que ‘tens’ de incluir na tua lista dos locais obrigatórios. Monsanto é, juntamente com Idanha-a-Velha, outra das freguesias do concelho de Idanha-a-Nova. As razões para conheceres estas terras da Beira Baixa vão-se acumulando. 

 

É obrigatório visitares estas aldeias! 

Monsanto

Os dois títulos recebidos – Aldeia mais portuguesa de Portugal e Aldeia Histórica – ratificam o anterior.

A aldeia edifica-se na escarpa do cabeço de Monsanto (Mons Sanctus) – o ponto mais alto das redondezas (quase 760 metros), o que lhe concede um encanto singular. Sugerimos-te um passeio até ao topo do castelo, de onde podes contemplar uma paisagem sem fim. As ondulações suaves e coloridas, até à linha do horizonte, são um convite à contemplação. 

Se, ao desceres a encosta da aldeia, quiseres aproveitar para almoçar, fica a saber que apesar de não encontrares um espaço exclusivamente vegetariano, os restaurantes locais tendem a ter opções no menu. No ‘Petiscos e Granitos’, por exemplo, podes desfrutar de um prato de migas delicioso na esplanada, de onde podes avistar o infinito.

Idanha-a-Velha

Idanha-a-Velha é outra aldeia histórica notável, cuja Torre dos templários ilustra a sua relevância histórica. Idanha-a-Velha foi uma importante cidade romana e sede de diocese durante o período visigótico. As suas inúmeras ruínas são um testemunho que a transformam num museu vivo. O lagar comunitário recuperado é só um exemplo.

Ao entrares naqueles lugares recônditos e mágicos vais perceber que estas aldeias são museus vivos da nossa história. Ademais, são fortemente dinamizadas com eventos culturais a decorrerem durante o ano inteiro. 

 

Idanha-a-Nova: Terra de festivais

 

Deixamos-te alguns exemplos do que podes fazer/assistir/participar neste concelho tão grande, quão belo e diverso:

 

  • Boom Festival: não há como escapar à sua magnitude, sendo conhecido internacionalmente, desde a sua primeira edição em 1997. Se realmente queres estar presente aconselhamos-te a estar atento: os bilhetes para 2021 rapidamente esgotarão. A sustentabilidade é um dos dez princípios orientadores na preparação e realização deste festival bienal, sendo a Boomland o local escolhido para deixar um impacto positivo, visando a regeneração do ecossistema que recebe este festival.

    Os princípios que orientam este festival emblemático, que tem trazido e até fixado gente no concelho de Idanha-a-Nova, estendem-se de forma natural às suas propostas de alimentação. Para teres uma ideia, no festival de 2018, mais de 70% das opções de comida eram vegetarianas ou veganas. O objetivo, para 2021, é ir mais além ainda. Adicionalmente, a organização “investe muito esforço no sentido de obter todo o seu abastecimento de alimentos nos produtores locais e com práticas orgânicas”.
     
  • Salva a Terra, um Eco festival que acontece no mês de Junho de dois em dois anos em Salva Terra do Extremo, organizado pelo CERAS – Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens. Encontra aqui os objetivos do festival – são, certamente, mais um elemento que te cativarão. 

    Nota que o último Salva a Terra aconteceu em 2019, alternando, assim, com o Boom Festival, que deveria ter acontecido em 2020, mas foi adiado para 2021. O que significa que, no próximo ano, as razões para visitares o concelho de Idanha-a-Nova são ainda mais e mais fortes.

  • Nas Terras do Rei Wamba… Há sementes! Acabou de acontecer em Idanha-a-Velha, a 31 de outubro. É um evento que tem marcado a agenda do município e que congrega os esforços de produtores locais e que não podes perder, se queres adentrar na história de formação de Portugal, tendo o prazer de degustar o azeite e o pão mais tradicionalmente produzidos que alguma vez terás oportunidade. 

    Conforme se pode ler na página do evento, “Idanha-a-Velha recorda Wamba, lavrador de condição que um milagre tornou rei dos Visigodos. Hoje, como nesses tempos, as sementes são vitais. Discretas, quase anónimas, muitas delas atravessaram os séculos até aos nossos dias, guardando a chave da nossa sobrevivência”. Percebe-se, assim, a importância que este tipo de iniciativa tem no âmbito da preservação da agricultura local, baseada nas tradições e costumes locais.

  • Arrebita Idanha Bio também já decorreu e em segurança no passado 4 de outubro em Idanha-a-Nova (e 3 de outubro em Penha Garcia), cujo objetivo, para além da reabilitação da economia local, foi o de preservar e dinamizar aquela zona rural de forma sustentável. É provável que volte no próximo ano.

 

Rotas e percursos pedestres

Para além destes e outros eventos culturais e gastronómicos, é incontornável referir os atrativos naturais. Basta dizer-te que Idanha-a-Nova é um dos concelhos onde está localizado o Geopark Naturtejo da Meseta Meridional, Geoparque Mundial da UNESCO

Se és amante de caminhadas, fica a saber que os percursos e rotas pedestres (e também de bicicleta e muito mais, como podes consultar aqui) abundam no concelho. Basta escolheres a temática e teres perceção do teu nível de aptidão. Ficam algumas sugestões: Rota das Aldeias Históricas, Rota dos Veados, dos Abutres – nos dois últimos, a observação de aves é imperdível… 

Se também gostas de praias fluviais, nem que seja para refrescares do calor (sim, pode chegar aos quarenta e poucos graus), é imperioso que dês um salto à praia fluvial da Barragem Marechal Carmona, onde podes praticar alguns desportos náuticos no Verão e dar uns mergulhos a partir da Primavera. 

O parque de campismo de Idanha-a-Nova ao lado da Barragem é mais uma opção para te alojares em qualquer época do ano.

Sem dúvida que Idanha-a-Nova convida. Destaca-se, ainda, que este é um concelho onde o princípio do desenvolvimento sustentável se ratificou quando, em 2018, Idanha-a-Nova aderiu e obteve o certificado de duas redes internacionais associadas ao conceito de desenvolvimento sustentável:

  1. Biosphere Destinationtornando-se membro da comunidade internacional de turismo sustentável;
  2. Rede Internacional de Bio-Regiões (INNER – International Network of Eco Regions). Isto significa que Idanha-a-Nova é um concelho que assinou o acordo de gestão sustentável do território baseado na agricultura biológica. 

Depois do exposto, é quase certo que estejas a planificar uma visita para breve. Assim sendo, aqui ficam algumas dicas. 

 

Onde ficar:

  • À Quinta dos Salgueiros, Casa do Guardado e Parque de Campismo de Idanha-a-Nova, adicionamos-te à lista:
  • Quinta dos Trevos, no Ladoeiro – é uma opção que se pode revelar particularmente enriquecedora pelas experiências que os anfitriões, eles mesmos artesãos, vos podem proporcionar. Vejam aqui alguns dos workshops de artesanato, restauro e até produção de papel reciclado que podem experimentar na Quinta dos Trevos.

 

Onde comer?

Ainda que não tenhamos encontrado um restaurante que servisse unicamente refeições vegetarianas, a nossa escolha recai no restaurante Helana

Para além de oferecer um menu rico em opções vegetarianas, onde os cogumelos silvestres e os espargos locais são as estrelas principais, este restaurante prima pelo princípio da sustentabilidade. 

Arriscamos a dizer que o Helana é uma caixa de sabores surpresa, que nos faz vibrar o palato e vários sentidos em simultâneo através de pratos elaborados de forma sustentável.

Como afirmam os chefes Ana Ramos e Mário Rui Ramos, a estratégia do restaurante passa por trabalhar com parceiros locais de agricultura e produção biológica, para assim diminuir a sua pegada ecológica. Por conseguinte, incluem nas suas ementas sobretudo produtos e ingredientes sazonais.

O Helana não se fica por aqui na senda da sustentabilidade. O Galardão Green Key atesta os esforços envidados não apenas na seleção e qualidade dos ingredientes, mas igualmente no que diz respeito aos consumíveis, utensílios, detergentes, entre outras práticas. Condutas que nos fazem acreditar que é possível e vale a pena contribuir para um mundo mais sustentável e, quem sabe, mais justo…

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